Atención

Búsqueda avanzada
Buscar en:   Desde:
O Trabalho na produção de tecnologia
Luis Augusto Lopes.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
O setor petrolífero brasileiro apresenta a dualidade de uma crescente terceirização e ao mesmo tempo de um alto investimento em tecnologia. Se um lado tem sua imagem associada à precarização, o outro se associa a uma parte dinâmica da economia brasileira, que faz uso de tecnologias de ponta para alavancar a produção de petróleo. Mas boa parte da pesquisa do setor petrolífero brasileiro é historicamente realizado nas Universidades Públicas. Com a quebra do monopólio do petróleo em 1997, todas as concessões de exploração devem pagar royalties à ANP e parte deste recurso é destinado à pesquisa. Se antes eram convênios com a Petrobrás, hoje são convênios com a ANP e empresas privadas em estreita relação com as Universidades. Um desses programas, Programa de Formação de Recursos Humanos, concede bolsas de mestrado e doutorado, mas também prevê que haja disciplinas de interesse das empresas do setor nos cursos de Pós-Graduação, e que as linhas de pesquisa também sejam influenciadas por elas. É o que denomino como um novo tipo de trabalhador: o pesquisador flexível. Ele receberá uma demanda empresarial como objeto de estudo até se titular. Após três anos de conclusão, empregado em uma empresa, ele deverá apresentar um relatório anual que avalie se o curso foi adequado ao mercado de trabalho, ou se deve haver novas adequações. Trata-se de quadro onde um pesquisador não é avaliado pela importância do seu trabalho para o progresso da ciência e para a sociedade, mas pela adequação de sua formação ao mercado. Nos relatórios de avaliação do programa são considerados Fatores Gerenciais, que envolvem, dentre outras coisas, o cumprimento das regras do manual do programa e o comprometimento institucional; Fatores Empresariais, que indicam o grau de envolvimento com as empresas do setor, e a empregabilidade dos egressos; e Fatores Acadêmicos, que incluem não só publicações, dissertações e teses, mas possíveis patentes. A nota é obtida através de uma média ponderada, onde os Fatores Gerenciais e Empresarias tem peso maior que os Fatores Acadêmicos. Temos um quadro delineado onde o capital se apropriou da educação não só para formar trabalhadores braçais, mas produtores de tecnologia, com alta titulação acadêmica, adequados à sua forma. Estes devem ter mobilidade institucional, da Academia para a empresa, desta para uma terceirizada e assim sucessivamente; bem como mobilidade espacial: faz intercâmbios nacionais e internacionais tanto indo para uma Universidade, como para o centro de pesquisa da empresa instalada alhures. Formado no modelo pedagógico das competências e habilidades, sai imbuído de conceitos como inovação, produtividade, empreendedorismo, e sacraliza o mercado. Como resultado a produção de tecnologia se torna mais barata para o capital e mais rápida, por causa das redes de pesquisa conectadas globalmente.
Texto completo
Creative Commons
Esta obra está bajo una licencia de Creative Commons.
Para ver una copia de esta licencia, visite https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.es.