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Espectadores de futebol: consumidores passivos ou torcedores ativos?
Eric Monné Fraga De Oliveira.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
Nos últimos anos, as torcidas de futebol no Brasil têm sido objeto de debates e políticas públicas. Em razão do interesse pela realização de uma Copa do Mundo de Futebol da FIFA no país – o que acabaria por acontecer em 2014 –, os direitos e deveres dos torcedores passaram a ser regulados pelo Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva). Junto ao Código de Conduta da FIFA, à reformulação dos estádios para a Copa do Mundo e ao surgimento do modelo de sócio-torcedor, o Estatuto participa de um conjunto de medidas que deveriam causar uma mudança no comportamento do público de futebol. Embora essas medidas possam ser interpretadas como um esforço pela modernização do esporte e pela redução da violência entre torcedores, além de garantirem a estes direitos importantes, elas geraram também uma controvérsia em relação às torcidas organizadas, as quais argumentam que o que está em jogo é a criminalização de um modelo festivo, crítico e popular de torcida em favor do modelo de torcedor-consumidor, elitizado e acrítico. Nosso trabalho é o resultado de quatro anos de pesquisa para a elaboração da tese de doutorado, que teve como metodologia a Análise do Discurso de linha francesa, buscando compreender como essa disputa, que se estabelece em grande parte no nível das palavras, envolve não apenas a substituição de uma forma de torcer por outra, mas também os próprios significados atribuídos aos termos relativos à torcida (torcida, torcer, torcedor, futebol, estádio etc.), afetando também pela identidade torcedora. Em primeiro lugar, traremos o foco da análise para a compreensão da ambiguidade das torcidas organizadas, enquanto associações estruturadas pelo uso da força física agressiva, por um lado, mas orientadas para a liberdade de crítica aos clubes e às práticas abusivas do poder de polícia, por outro. Na sequência, demonstraremos como a iniciativa de “modernização” do público do esporte, através do Estatuto do Torcedor, do Código de Conduta da FIFA para a Copa do Mundo, da construção das novas “arenas” desportivas e dos planos de sócio-torcedor, possui um caráter disciplinar e biopolítico, além de ser acompanhado de um interesse pela elitização do público e sua transformação em consumidores. Na terceira etapa, mostraremos como a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (ANATORG) e o Instituto Nacional do Torcedor (INT) têm operado para oferecer uma resistência a esses processos, buscando assegurar a permanência da multiplicidade das formas de torcer e o respeito aos direitos dos torcedores. Finalmente, concluiremos abordando os sentidos e tendências atuais dessa disputa pelo significado, pelas práticas e pela identidade dos torcedores.
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