Atención

Búsqueda avanzada
Buscar en:   Desde:
A singularidade brasileira à luz de Norbert Elias
Cinara Gomes De Araújo Lobo Cinara Lobo.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
O debate sobre a identidade nacional e como o Brasil iria se inserir na modernidade são os problemas-chaves que marcam a produção literária, sociológica e médica nos anos 20 e 30. Discutia-se como o Brasil se viabilizaria como nação, como superaria seu passado colonial e escravista, e se tornaria uma nação próspera e democrática. Segundo as teorias deterministas e evolucionistas, muito comentadas e citadas pelos pensadores brasileiros até o final da Segunda Guerra Mundial, o Brasil estaria fadado a não desenvolver instituições democráticas, a não alcançar o desenvolvimento econômico e social das civilizações do mundo moderno Ocidental. Para essas teorias, sendo o Brasil formado por negros e mestiços, não havia muito que se esperar para o seu futuro. Os clássicos da Sociologia Brasileira escrevem neste cenário intelectual e, inevitavelmente, dialogam com a literatura “científica” produzida no período. Não por acaso, se preocupam em definir, em identificar os traços da “singularidade brasileira”, os elementos originais que descreveriam o caráter nacional, as oportunidades e desafios resultantes das particularidades presentes em sua história e cultura. Descreveram a colonização brasileira, a formação do Estado e da sociedade, enfatizando os fatores que dificultavam o desenvolvimento de uma civilização semelhante à Europeia e americana. Cada um explorou os obstáculos fundamentais a serem superados; as heranças a serem resolvidas a fim de que o País ingressasse na modernidade. Se concentraram nos elementos culturais que resultaram numa forma particular de conduta que ora contribui ora atrapalha o funcionamento das instituições democráticas. Não há nesses autores uma descrição da figuração social do Brasil, no período pré-República, uma narrativa das interações entre os grupos sociais, uma descrição da teia de relações de necessidade que favorecerá ou não a conduta disciplinar, ingrediente fundamental para a edificação das instituições modernas. O objetivo do texto é dialogar com a teoria desses clássicos da Sociologia e explorar as implicações do sistema escravista e do patriarcalismo na construção de um comportamento disciplinar. Para tanto, será importante o pensamento de Norbert Elias, a fim de descrever as interações entre os grupos sociais, as relações de força que influenciam a constituição das instituições e a própria cultura. O argumento que iremos defender é de que as engrenagens do processo civilizador, conforme descritas por Norbert Elias, não funcionaram do mesmo modo no Brasil. Os elementos fundamentais para desencadear o processo civilizador da maneira como aconteceu na Europa não se repetiram na história brasileira. A figuração social que se formou no Brasil pré-República não desencadeou um processo histórico que resultasse na centralização do uso da força no Estado e em estrutura de personalidade que inibisse o comportamento violento.
Texto completo
Creative Commons
Esta obra está bajo una licencia de Creative Commons.
Para ver una copia de esta licencia, visite https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.es.