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Elementos para uma sociologia pública de Florestan Fernandes
Keila Carvalho Lucio.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
O sociólogo brasileiro Florestan Fernandes (1920-1995) construiu-se em sua trajetória acadêmica como um scholar, corporificando um estilo profissional de sociologia a partir de uma orientação intelectual que buscava defender o rigor científico nos marcos da mudança social e de sua função civilizatória. Após sua consagração acadêmica e em meio à aposentaria compulsória decorrente do Ato Institucional nº5 em plena ditadura civil-militar brasileira, Fernandes identificou nos processos políticos de seu tempo a motivação para um intenso engajamento fora da academia. O resultado desse processo não consistiu num abandono à sociologia, mas a defesa de uma razão emancipatória como parte de um projeto socialista revolucionário. Nesse caso, a retração da vida acadêmica pode ser considerada um elemento explicativo para a construção de novos canais de comunicação e de engajamento com um público extra-acadêmico. Nessa perspectiva, o sociólogo adquire, em Fernandes, o caráter de ator político e força ativa, orientado por grupos e classes sociais mobilizados em torno de uma prática política, como partes coordenadas de um mesmo processo histórico. Nesse sentido, Florestan Fernandes não comparece neste artigo apenas como “objeto” da pesquisa, mas como sujeito, sociólogo de refinada artesania intelectual, com sólida (auto)consciência social e política. Florestan, sujeito real, de carne e osso, aparece revelado em uma variedade de engajamentos públicos que esboçou, sobretudo, a partir de finais dos anos 1970. Buscaremos explorar os momentos mais públicos da atividade de Florestan como sociólogo. Fazem parte desse momento sua imersão na atividade de publicista e sua filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT), por meio do qual exerceu a atividade parlamentar como deputado federal constituinte em 1987, sendo reeleito em 1991. A partir da categoria de sociologia pública, tal como nos instiga o sociólogo britânico Michael Burawoy (1948-), buscamos transformar o conjunto das intervenções políticas e de engajamento público de Florestan Fernandes em instrumento heurístico para a argumentação que buscamos levantar neste trabalho: o lugar do engajamento na sociologia, transformando a sociologia pública como prática sociológica e agenda de pesquisa. O confronto de Florestan Fernandes com a sociologia pública – referenciada em Burawoy –, pode contribuir para oferecer nova perspectiva, a partir do engajamento público, ao debate teórico e metodológico das ciências sociais. Refletir sobre a herança deixada por Florestan Fernandes ajuda a iluminar novas e antigas estratégias para o ofício de sociólogo na atualidade.
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