As migrações internacionais constituem um fenômeno social e histórico fundamental da experiência humana desde o passado mais remoto, passando pelo presente e atravessando até o futuro. Segundo McNeill e Adams (1978) o instinto itinerante é intrínseco à natureza humana e pelos mais diversos motivos as pessoas sempre transitaram e se movimentaram ao redor do mundo. De acordo com Arango (2003) embora na atualidade as migrações não sejam as maiores da história – as do século anterior foram maiores em volume, em termos relativos – em nenhum momento do passado as migrações alcançaram tamanha relevância como atualmente. Os movimentos migratórios têm despertado de modo geral grande interesse e no campo acadêmico e científico isso não é diferente. “Uma quantidade interminável de investigações lançam uma luz constantemente renovada sobre as múltiplas facetas do fenômeno.” (ARANGO, 2003, p. 01). Segundo Sayad (2001) analisar os movimentos migratórios a partir de sua diversidade e complexidade significa compreender as migrações não apenas como deslocamentos de pessoas no espaço geográfico, mas também como o ato de migrar faz com que os indivíduos se movam socialmente, politicamente, economicamente e culturalmente. E não seria possível analisar os fluxos migratórios contemporâneos sem recorrer ao mercado de trabalho, pois é a partir da inserção no mundo do trabalho que se pode compreender diversas questões essenciais, como por exemplo a posição social ocupada pelos imigrantes e seus descendentes. O presente estudo tem como objetivo compreender sociologicamente a trajetória ocupacional de estrangeiros que se encontram no mercado de trabalho formal brasileiro. Assim, uma perspectiva que busque analisar trajetórias deve examinar histórias individuais, a fim de compreender de que maneira eventos anteriores, condições sociais e econômicas e características individuais podem influenciar em decisões e eventos ao longo do tempo. Nesse sentido, para proceder tal investigação primeiramente realizou-se um levantamento sobre trabalhadores estrangeiros com vínculo formal de trabalho no Brasil através da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), base de dados do Ministério do Trabalho e Emprego, entre 2008-2015, que permitiu traçar o perfil e as principais características desses trabalhadores. Posteriormente foram realizadas 25 entrevistas semiestruturadas com trabalhadores de diferentes nacionalidades que encontram-se inseridos no mercado de trabalho formal no Brasil. Assim, buscou-se analisar as trajetórias ocupacionais a partir de narrativas individuais, a fim de compreender questões como: a história profissional e de emprego desses trabalhadores desde o país de origem; aspectos relativos à inserção no mercado de trabalho formal brasileiro e integração econômica e social no Brasil. Referências Bibliográficas: ARANGO, Joaquín. La explicación teórica de las migraciones: luz y sombra. In: Migración y Desarrollo, Cidade do México, nº 01, p.01-30, outubro, 2003. MCNEILL, William & ADAMS, Ruth. Human Migration: Patterns and Policies, Bloomington, IN: Indiana University Press, 1978. SAYAD, Abdelmalek. O retorno, elemento constitutivo do migrante. Travessia - Revista do Migrante, São Paulo, número especial, jan./2001.