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Desenvolvimento e Dependência na América Latina: revisitando as interpretações de Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso
Samuel Costa Peres y Laís Fernanda de Azevedo.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
A partir dos anos 1940, os trabalhos na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) inauguraram uma temporada de contribuições para a construção de uma “teoria do desenvolvimento econômico”. Recusando as interpretações do pensamento econômico dominante, as obras de Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso refletem as manifestações dessa época, que redescobriu que a desigualdade econômica, política e social entre os países não era fruto de leis naturais e inexoráveis, mas resultado de assimetrias e desigualdades historicamente construídas a partir de determinadas relações econômico-sociais. Assim, este trabalho busca revisitar as obras de Furtado e Cardoso, apresentando os principais elementos constituintes de suas interpretações sobre o desenvolvimento e a dependência, bem como apontar os pontos de convergência e divergência entre elas. Em síntese, embora ambos ressaltem a importância de considerar o processo histórico para compreender o subdesenvolvimento e as possibilidades e condições de desenvolvimento, na investigação histórica, Cardoso prioriza a análise da interação de grupos e classes sociais, enquanto Furtado aborda-a numa perspectiva mais macro, num dualismo estrutural centro versus periferia, atrasado versus moderno, mas, não existem, como em Cardoso, as leis de movimento, em que um gera o outro. Em Furtado, o subdesenvolvimento não caminha para o desenvolvimento por si próprio, ele é exógeno. Para Furtado, o desenvolvimento não é somente uma questão de crescimento econômico ou um processo de acumulação de capital (o que para ele era apenas modernização), mas de mudanças estruturais profundas em benefício da coletividade. Já Cardoso entende desenvolvimento como acumulação de capital, a qual não implica benefícios para o conjunto da sociedade, ao contrário, tende a ser contraditória e geradora de desigualdades. A dependência, para ambos, caracteriza o modus operandi do capitalismo na periferia, i.e., uma forma particular do desenvolvimento do capitalismo em certas economias periféricas. A despeito disso, para Furtado, a dependência tende a aprofundar o subdesenvolvimento, sendo o desenvolvimento muito difícil nos quadros de dependência. Para Cardoso, a situação de dependência não exclui e não colide com a possibilidade de desenvolvimento econômico das economias dependentes. Por fim, embora a interpretação de Cardoso tenha prevalecido no debate intelectual do período, amparada pela trajetória da América Latina – uma região que se desenvolveu e se desenvolve, de forma dependente, com transformações estruturais, econômicas e sociais –, quando se tem em conta que permanecemos uma sociedade extremamente desigual, onde uma minoria privilegiada continua reproduzindo os padrões de consumo das sociedades avançadas, refletindo forte dependência e mimetismo cultural, não faz sentido refletir, à luz de Furtado, se houve apenas uma modernização, e não desenvolvimento, de fato? Obviamente, isso implica refletir sobre o desenvolvimento enquanto fenômeno histórico e desenvolvimento enquanto algo que normativamente aspiramos.
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