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Reestruturação produtiva, neoliberalismo e o UBER empreendedor: o fetiche da economia de compartilhamento
Fabiano Milano Fritzen, Paulo Abdala y Raquel Eline da Silva.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
A reestruturação produtiva relacionada com a ascensão do capital financeiro e do neoliberalismo em escala mundial produz novas formas de organização do trabalho, caracterizadas pela flexibilização, informalidade e precarização da classe trabalhadora (ANTUNES, 2014). Esse fenômeno, longe de estar esgotado, se aprofunda a partir da renovação do neoliberalismo como um projeto sociopolítico e econômico da classe capitalista transnacional, incorporando novas matrizes teóricas e referências para se transmutar em uma variante heterodoxa, mais adaptada aos dias atuais, marcada pelo “homem empreendedor”, aquele que depende direta e constantemente de sua própria capacidade de vender sua força de trabalho (PUELLO-SOCARRÁS, 2014). O UBER como sistema de transporte compartilhado é uma plataforma que se ajusta a essa realidade contemporânea. Para Wallsten (2015) a chamada economia de compartilhamento refere-se, geralmente, ao fenômeno de transformar recursos não utilizados ou subutilizados de propriedade de indivíduos em recursos produtivos sendo, desempregados e pessoas subempregadas, ativos produtivos desperdiçados. Ela gera valor ao combinar esses ativos com consumidores dispostos a pagar pelos serviços que esses ativos poderiam fornecer. Não obstante, destaca o autor, o sucesso da economia de compartilhamento encontra-se centrada na capacidade da tecnologia de quebrar barreiras regulamentares de entrada. Assim, calcados no pressuposto da melhoria da qualidade dos serviços e da queda de preços ao consumidor, aplicativos como o UBER ocultam o processo de deterioração das condições de trabalho a partir de pseudogarantias, como maior liberdade e flexibilidade, supostamente oportunizadas ao trabalhador/empreendedor. Isso nos conduz a constatação de que a economia do compartilhamento é mais um fetiche produzido dentro do processo constante de renovação do capitalismo, relacionado com as transformações em seu estágio neoliberal. Marx (2013) afirma que o caráter fetichista da mercadoria encobre as relações sociais de produção, tratando-as como elementos materiais inerentes aos produtos do trabalho, de tal maneira que uma relação social entre homens assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas (sachlich). O fetiche caracteriza-se pelo descolamento dos produtos dos próprios homens, adquirindo a aparência de uma existência independente, afastando os ciclos de produção e consumo (LEFEBVRE, 2009). Analogamente, o fetiche da economia do compartilhamento se fundamenta em uma relação na qual todos supostamente ganham, o trabalhador/empreendedor livre que obtém uma fonte de renda fácil e rápida, o usuário que paga menos e a empresa que aufere lucros, encobrindo por trás da ideologia neoliberal o recrudescimento da reificação do trabalhador; a extensão e intensidade da jornada de trabalho; a legislação e os interesses nela representados; o acirramento da competição entre pares e a perda de sentimento de classe; a submissão ao trabalho precarizado; entre outras. Para avançar nesse debate, o presente estudo propõe analisar as experiências de motoristas e ex-motoristas do aplicativo UBER na cidade de Porto Alegre, RS, Brasil.
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