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O enquadramento midiático dos crimes de feminicídio no Brasil: O padrão de reprodução e a invisibilidade de mulheres assassinadas
Larissa Vieira, Sofia Guimarães Campos y Lourdes Maria Bandeira.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Dirección estable:
https://www.aacademica.org/000-018/635
Resumen
Desde 2012, sete países da América Latina tipificaram na legislação o crime de feminicídio, devido ao alto índice de impunidade relativo ao assassinato de mulheres como consequência da demanda das organizações de mulheres. Entretanto, o ranking de países que mais matam mulheres no mundo, publicado pela Organização Mundial de Saúde trouxe um resultado alarmante para a população latino americana, pois dentre os cinco primeiros países que mais matam mulheres, quatro são da América Latina. A construção do termo tipificado como “feminicídio” veio da necessidade de delimitar a especificidade da violência expressada como um recurso de controle sobre o corpo feminino, cuja dominação masculina deriva da estrutura patriarcal presente em sociedades ocidentais. A presente construção textual pretende mostrar resultados preliminares de uma pesquisa em andamento desde Março de 2015, quando a Lei do Feminicídio foi sancionada no Brasil. O Brasil, é o quinto país no ranking mundial de assassinato de mulheres, com média nacional de 4,8 assassinado de mulheres por 100 mil mulheres, fator que motivou a realização desta pesquisa - ainda em curso - sobre os crimes de feminicídio noticiados pela mídia nacional. Busca-se coletar dados sobre o enquadramento que a mídia vem realizando sobre o assassinato de mulheres e de como essa ‘nova tipificação’ de violência contra o corpo feminino, é resistente [ou não] ao enquadramento midiático virtual após a promulgação da Lei. As notícias coletadas são provenientes das principais fontes midiáticas nacionais, disponibilizadas nos websites e distribuídas por regiões geográficas (Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste, Norte e Sul). Nos primeiros 22 meses de coleta foram identificados, no conjunto do Brasil em torno de 654 noticias, sendo que destas, apenas 19,11% são tipificadas como feminicidios.A proposta é analisar as características das descrições dos crimes nas notícias e, para isso, foram construídos gráficos, os quais contém: modus operandi, motivo, suspeito, perfil da vítima e a tipificação, ademais, notou-se que há poucas informações sócio-demográficas nas notícias, assim como a omissão da mídia ao indicar a cor/raça das mulheres agredidas, sendo que mulheres negras são as vítimas mais vulneráveis e de maior reincidência nos casos de feminicídio no Brasil, como foi apresentado pelo Mapa Da Violência de 2015. Portanto, o trabalho pretende evidenciar a resistência em nominar o feminicídio diante da passividade de uma sociedade heteropatriarcal refletida no enquadramento midiático, tende a olhar os assassinatos de mulheres com o caráter privado dos crimes de feminicídio. A mídia portanto, tende a trabalhar no fortalecimento da noção do caráter privado da violência contra a mulher. Sendo a mídia uma esfera reprodutiva de padrões e valores sociais, muitas vezes esta negligência no papel de informar o caráter social e a responsabilidade do Estado na erradicação da violência contra os corpos femininos, traz consequências nefastas, dentre as quais de reforçar a impunidade. Tradições sociais definem a reincidência de violência, e sendo os papéis de gênero direcionados por valores que alimentam os significados de um sistema patriarcal, misógino, racista e sexista, fica exposta a ideia de que o corpo feminino continua sendo um território de domínio masculino.
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