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A práxis coletiva do MST e a construção da sociabilidade nos assentamentos rurais da Chapada Diamantina - Ba - Brasil
Luiza Trabuco Luiza.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
O trabalho analisa o hábitus dos assentados e sua relação com os referenciais de sociabilidade introduzidos pela práxis do MST, observando se a condição de assentado do MST opera uma re-semantização das relações anteriormente vivenciadas, fazendo-os experimentar novas formas de relacionamento com a propriedade da terra. Os assentamentos do MST se configuram como uma nova ruralidade no contexto regional da Chapada Diamantina. Isso se deve à forma diferenciada como foram constituídos, mas, principalmente, pela presença de formas alternativas de organização social e políticas verificadas em seu interior. Pois, embora os demais assentamentos da região também tenham sido, na sua maioria, formados a partir de formas de luta popular, o fato de não estarem articulados em torno de uma práxis coletiva que se orienta para além da conquista da terra, potencializa a reprodução nestes assentamentos, das tradicionais formas de sociabilidade. A presença da práxis do MST na construção desse espaço, por outro lado, objetiva articula-lo a um processo de transformação social, onde esses “campos conquistados na luta” passam a representar frações de territórios estruturados a partir de formas de organização social e política alicerçada em valores relacionados ao projeto sócio-político do Movimento. É essa dimensão da práxis do MST que faz surgir nos assentamentos novas práticas e comportamentos, que confere ao assentado um papel na luta pela reforma agrária, remetendo-o para situações que extrapolam suas referências tradicionais de sociabilidade. No entanto, o MST não neutraliza a cultura política dos assentados, pois a sua atuação é mediada pelo hábitus, mas, impõe diferentes graus desse fenômeno devido à penetração de novos elementos que passam a compor de forma confusa e muitas vezes contraditória as concepções e o modo de atuar no assentamento. Isto porque, a penetração da práxis do MST nos assentamentos não se dá no vácuo, mas se ajustam as experiências anteriores dos assentados, caracterizando a sociabilidade nos assentamentos como produto de um diálogo constante entre a práxis e o hábitus, onde ambos se influenciam mutuamente. É assim que se pode compreender o significado atribuído à propriedade da terra para o MST e para os assentados. Nos três assentamentos do MST na Chapada Diamantina/BA pôde-se observar que, mesmo não produzindo um efeito dissolvente dos padrões tradicionais de sociabilidade, o MST desestabiliza alguns referenciais historicamente normatizadores no “campo” rural, configurando-se como mediatizador de novas formas de se relacionar com a propriedade da terra. Porém, o vínculo entre as “disposições” e a “orientação” é precário, pois a atuação dos assentados não corresponde integralmente aos propósitos do MST. Ainda assim, o processo de re-elaboração do hábitus se dá num ritmo diferenciado dos processos “espontâneos” de transformação cultural, devido à intencionalidade presente na práxis do Movimento.
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