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Trânsitos entre movimentos sociais e Estado: ações coletivas de resistência às remoções de favelas no Rio de Janeiro G
Daniela Ramos Petti.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
Nesse trabalho pretendo analisar as relações entre os movimentos sociais de "luta" pela moradia e o Estado em suas faces diversas. Realizei observação participante nas reuniões de um grupo chamado Conselho Popular que reúne moradores de favelas ameaçadas de remoção, nas quais pude mapear interações entre movimentos sociais locais e órgãos do corpo estatal, como a Defensoria Pública do Rio de Janeiro (Cocco; Mendes 2016). Dedico parte do texto a refletir sobre minha inserção em campo pelo fato de que em muitos momentos assumo o lugar de pesquisadora-militante, o que fica claro quando observo como meus interlocutores agenciam minhas identidades de acordo com as circunstâncias. A partir das interações entre movimentos sociais e burocracia estatal, entendo o Conselho como um espaço de compartilhamento de saberes, assim como percebo o caráter múltiplo e complexo de um Estado que tanto trava o conflito, como constrói relações de apoio e confiança com os agentes das margens (Das & Poole 2004). O evento crítico (Das 1995) da remoção faz emergir atores coletivos que engendram novas ações e repensam familiaridades, na medida em que os agentes compartilham experiências sobre a situação de remoção vivenciada em suas localidades. De um lado, os moradores de favela passam a operar categorias jurídicas a partir do conhecimento técnico oferecido pela Defensoria nas falas que realizam em arenas públicas. As categorias jurídicas impactam a vida dos moradores de favela de maneira bastante peculiar, o que me permite verificar suas percepções acerca de leis e fatos (Geertz 2006). Por outro lado, os defensores públicos reinventam sua atuação a partir das experiências transmitidas pelos que lidam diariamente com os processos de remoção que atingem diretamente suas casas. A análise da ação coletiva permite a compreensão dos trânsitos entre as práticas dos movimentos sociais e do Estado, o que atesta a permeabilidade que condiciona essas interações (Penna; Rosa 2015). Alguns conceitos nativos, como a noção de "rede", elucidam de que modos os próprios moradores concebem suas relações com órgãos da burocracia estatal, bem como a importância dessas instituições para a construção da resistência à remoção. O contexto de produção da cidade olímpica suscitou a emergência de movimentos sociais que resistem às remoções de favelas provocadas por tais circunstâncias históricas. A ação coletiva articulada pelos membros do Conselho Popular é construída a partir de um morar cotidiano nas margens, que permite que os atores de diferentes localidades interajam tendo em vista o eixo articulador da "luta" pela moradia. Entender a dinâmica dos movimentos sociais de moradia a partir de elementos como as estratégias da ação coletiva e as práticas estatais é um dos objetivos desse trabalho.
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