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Percursos do Diabo e seus papéis nas igrejas neopentecostais
André Ricardo De Souza, Edin Sued Abumanssur y Jorge Leite Junior.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
O Diabo é uma figura mítica ou doutrinária cuja referência tem ao longo da história influenciado práticas cotidianas e também organizacionais. Tradicionalmente tido como personificação do mal, “príncipe das trevas” ou “chefe dos demônios”, ele segue provocando temor e culto, pois, se de um lado, o tradicional exorcismo católico se espraiou e popularizou-se em igrejas evangélicas, de outro, o intrigante satanismo subsiste. Na formação das religiões afro-americanas, o Diabo foi sincretizado sobremaneira com o orixá iorubano Exu, interpretado como a divindade regente de entidades espirituais homônimas, também em versão feminina, chamada Pombagira. Enquanto nos primeiros séculos do cristianismo, as religiões pagãs eram demonizadas, no período medieval, os indivíduos assim atingidos eram denominados hereges, vítimas de perseguição, tortura e extermínio. Posteriormente, a demonização ocorreu sobre a religiosidade indígena e, principalmente, a africana. No Brasil, o segmento neopentecostal cresceu em boa medida combatendo as entidades do panteão afro-brasileiro. Em igrejas dessa vertente é comum atribuir-se ao Diabo a influência negativa e também responsável pelo não pagamento de dízimos, assim como a recusa pessoal em fazer doações financeiras, o que evidencia o fato de tal figura exercer papel relevante na efetivação da teologia da prosperidade. Algumas denominações costumam ainda demonizar organizações e indivíduos tipificados por elas como adversários nos campos: religioso, econômico, midiático e político, sendo que quando alguns de seus representantes com cargos públicos - sobretudo parlamentares - são fortemente acusados de corrupção, estes acabam também por sofrer demonização seguida de descarte institucional. O caso mais eloquente e enfocado neste trabalho é o da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), denominação com maior atuação econômica, midiática e política no Brasil e que é também a mais controvertida delas, além de atuante em diversos países, inclusive da América Latina. Sendo a própria IURD, em certa medida, demonizada por parte de seus opositores e críticos, ela prossegue de modo agonista e ousado se expandindo também nas frentes: empresarial, midiática e política. O Partido Republicado Brasileiro (PRB), ligado a essa denominação, foi um dos que mais cresceram no pleito municipal de 2016, vindo a eleger como prefeito da segunda maior cidade brasileira o senador e bispo licenciado da IURD Marcelo Crivella. Na comemoração dessa conquista eleitoral no Rio de Janeiro, um midiático e controverso pastor da Assembleia de Deus, maior igreja evangélica do país, chamou atenção para a vitória sobre o “capeta”, simbolizado no adversário derrotado, algo que ilustra o tom da disputa havida, a despeito do perfil liberal do prefeito eleito. Este trabalho aborda sucintamente as diferentes fases históricas e faces do Diabo, enfocando o modo como ele é visto e representado contemporaneamente pelas denominações neopentecostais brasileiras, sobremaneira a IURD, algo que tem implicações econômicas e políticas.
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