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"A luta das mulheres é levada nos ossos do peito": Mulheres Camponesas e a luta por direitos no Brasil
Caroline Bordalo Araújo.
XXXI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Asociación Latinoamericana de Sociología, Montevideo, 2017.
Resumen
Este trabalho é parte da minha tese de doutorado que se dedicou a analisar os trinta e cinco anos do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) no oeste de Santa Catarina, na região sul do Brasil. Aqui, abordo os principais elementos analisados na pesquisa acerca da relação entre os processos políticos que envolveram as primeiras iniciativas de mobilização e organização e o contexto da década de 1980, marcado pelo surgimento de movimentos, partidos políticos, etc. Contudo, não consideramos a emergência dos movimentos de mulheres no campo como um simples “fruto” de uma conjuntura em ebulição e tampouco como desdobramento necessário de uma condição socialmente subordinada. No que tange a dimensão política da vida social, não é possível pensarmos em termos de marco zero, ainda que determinados contextos nos sugiram uma nova conformação das lutas. Se a década de 1980 no Brasil representou de fato um novo período político e assim o devemos considerar quando da análise das diversas formas de ação coletiva, tal hipótese deve ser permanentemente examinada e reexaminada a partir da empiria. Compartilhamos a abordagem de Souza-Lobo segundo a qual a emergência dos movimentos se dá no quadro em que coincidem momentos de formação de identidade de grupo, experiências individuais e coletivas e também a criação e atualização de tradições e culturas por determinada conjuntura. Dito isto, a pesquisa tratou de analisar a ação política das mulheres camponesas a partir de um objetivo primeiro: identificar nexos e processos sociais que possam explicar os caminhos trilhados pelas mulheres camponesas em mais de três décadas de existência. A luta por direitos tornou-se o nosso fio condutor dado que, por meio deste eixo, foi possível analisar como se configuram os conflitos que mobilizam as relações sociais de sexo, de classe, raça bem como a hierarquia entre campo e cidade. Assim, é necessária a ruptura com perspectivas que relegam ao rural um lugar secundário nos processos políticos, nos afastando de análises que ‘se surpreendem’ com seu protagonismo sem, contudo, problematizar a concepção dicotômica e eurocêntrica ainda vigente que toma o rural como espaço da conservação e do arcaísmo, onde os movimentos sociais figuram como uma espécie de “agentes modernizadores”. Ao contrário, buscamos ampliar nossa concepção de política para que contemplasse o que James Scott denominou como formas cotidianas de resistência e como estas formas, conjugadas a outros processos políticos, criam condições para a emergência e a continuidade do movimento de mulheres camponesas. Neste giro, nos baseamos nas teorias decoloniais, nas teorias feministas e dos movimentos sociais. Consideramos para a análise da ação coletiva a estruturação dos discursos, da identidade, dos processos que permitem o auto-reconhecimento como movimento, a identificação dos interlocutores, as permanências e atualizações de tradições políticas que estruturam as disputas em torno da representação política dos camponeses e camponesas no Brasil.
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