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Infância, gênero e sexualidade: olhares que se entrecruzam entre escola e família
Fernandes, Noeli Aparecida y Finco, Daniela.
6tas Jornadas de Estudios sobre la Infancia, Buenos Aires, 2024.
  ARK: https://n2t.net/ark:/13683/pOro/r9B
Resumen
O trabalho apresenta reflexões sobre como as questões de gênero e sexualidade que permeiam as relações entre crianças, docentes e famílias, estão presentes na instituição de Educação Infantil, a partir de olhares que se entrecruzam. Apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado desenvolvida em uma escola de Educação Infantil da rede municipal de São Paulo, a partir da análise de documentos, dinâmicas lúdicas com crianças e entrevistas semiestruturadas com famílias. No Brasil, nos últimos anos pudemos acompanhar a força de movimentos conservadores, que buscam criar um contexto de confusão e ameaças, sobre o direito das mães e pais de educarem suas/seus filhas/filhos. A necessidade de problematizar este contexto histórico e social trouxe a atenção para a infância no centro do discurso educacional, destacando um dos elementos-chave da relação entre educação, educação de gênero e crianças: a infância é cada vez mais um objeto de discórdia entre adultos, é de fato uma questão moral. Estudos sinalizam como o gênero vem sendo usado para a disseminação de pânico moral, em relação à educação das crianças. A transnacionalização dos movimentos antigênero, presentes tanto na América Latina quanto na Europa, revela a tentativa de imposição de uma agenda antigênero nas instituições de educação. Manifestações como as do movimento político reacionário “Escola Sem Partido”, com ideias difundidas com as palavras de ordem #ConMisHijosNoTeMetas, serviram de suporte para a construção de um pânico moral e confusão em relação à construção da identidade de gênero e a sexualidade na infância. Tal cenário traz grandes desafios frente à desconstrução de estereótipos de gênero desde a infância, e apontam para a necessidade da articulação acerca das culturas da infância, das culturas familiares e das culturas escolares na atualidade. A partir do pressuposto de que a criança é sujeito histórico e de direitos, no Brasil, em movimento concomitante com outros mundiais como a Convenção dos Direitos da Criança (ONU, 1989), legislações federais como Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), reafirmam o postulado de que a criança como Sujeito Histórico e de Direitos, constrói sua identidade pessoal e coletiva, a partir das interações, relações e práticas sociais cotidianas que vivenciam na sociedade, entre o contexto educacional e o contexto familiar. O cruzamento dos referenciais teóricos dos Estudos de Gênero e dos Estudos Sociais da Infância, nos leva a olhar para como as crianças tanto se adaptam e reproduzem, como resistem e reinventam, os valores e as culturas de gênero dos contextos sociais nos quais estão inseridas, produzindo culturas. Nos ajudam a construir olhares diferentes sobre as infâncias, buscando compreender seus interesses e formas de relações, rompendo-se com a visão das crianças como seres frágeis, carentes de proteção. A discussão das relações de gênero na infância pode representar a possibilidade de uma educação mais igualitária, que respeite a criança na construção de suas identidades de gênero e, considerando que a forma como meninos e meninas estão sendo educados/as, pode contribuir para se tornarem mais completos e/ou para limitar suas iniciativas e suas aspirações. Compreendendo gênero como a organização social da diferença sexual, uma construção social que uma dada cultura faz em relação a homens e mulheres, em nossa sociedade e como as relações vão se hierarquizando, desde antes mesmo do/a bebê nascer diante das expectativas que giram em torno de ser menina ou ser menino. Deste modo, o conceito de gênero nos auxilia a problematizar e a compreender as complexas relações entre natureza e cultura, bem como nos ajuda a desvendar as formas de educação da infância, problematizando a reprodução da cultura sexista e heteronormativa da nossa sociedade patriarcal. Ao cruzar infância e gênero, podemos repensar as relações sociais e de gênero desiguais presentes em nossa sociedade. O trabalho apresenta os resultados de dinâmicas lúdicas realizadas com um grupo de crianças da pré-escola, com idade de 4 e 5 anos, que permitiu que meninas e meninos, pudessem trazer suas percepções, seus sentimentos e emoções, sobre como suas vivências de gênero se fazem presentes tanto na casa, quanto na escola. Para completar os olhares que se entrecruzam, traz resultados de entrevistas com 05 famílias, que revelam os seus desejos, ideias, princípios, valores e pensamentos em relação à educação de seus/suas filhos/as. Os resultados apontam que as manifestações e expressões das crianças podem ser a chave para o fortalecimento do diálogo entre a instituição de Educação Infantil e as famílias, para que juntas possam discutir sobre as questões de gênero e sobre a qualidade da Educação Infantil, vislumbrando outras possibilidades para que as crianças possam expressar seus sentimentos, suas vontades e seus olhares, buscando romper com os estereótipos de gênero. Indicam que os conflitos de gênero surgidos podem ser vistos como potencializadores de reflexões e diálogos coletivos, essenciais para a construção de novas formas de pensamento, que ultrapassem os discursos de culpabilização, rompendo com silêncios existentes, problematizando as desigualdades de gênero presentes no processo educacional, dando ênfase ao respeito às diferenças das crianças. O trabalho busca problematizar as relações de poder desiguais, questionar a ordem dominante hegemônica de infância, na direção de uma Educação Igualitária que respeite as diferenças de gênero das crianças, na busca por uma sociedade mais justa, menos adultocêntrica e desigual. Noeli A. Fernandes Mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp. Participante do Grupo de Pesquisa Gênero, Educação da Pequena Infância, Cultura e Sociedade da Unifesp Guarulhos - Brasil. Supervisora Escolar da Rede Municipal de Educação de São Paulo aposentada, tendo como foco de sua atuação a Educação Infantil. Daniela Finco Doutora em educação pela Universidade de São Paulo - USP. Professora associada do Departamento de Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de São Paulo da Universidade Federal de São Paulo. Líder do Grupo de Pesquisa Gênero, Educação da Pequena Infância, Cultura e Sociedade da Unifesp Guarulhos - Brasil.
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