O estudo busca refletir sobre biografias de ativistas feministas na cidade de Pelotas, RS/Brasil, essas mulheres foram precursoras no fortalecimento político e democrático do país, em suas ações locais, contribuíram para a criaram de grupos feministas nos anos 1980 e visibilizaram diversas formas de opressões sexistas, patriarcais, de classe e raça da nossa sociedade. Entendemos que os movimentos sociais estão fortemente amalgamados com a educação, a educação aqui vista como um ato político. Pretendemos realizar uma compreensão de educação mais ampla que abranja também os espaços de aprendizagens e produção de saberes dos movimentos sociais, especificamente o movimento feminista. Utilizamos o referencial feminista descolonial, enquanto perspectiva vinculada à resistência do sistema capitalista mundial globalizado. Buscamos nossas bases teóricas especialmente nas autoras Heleieth Saffioti (2004), Ochy Curiel (2007), Maria da Glória Gohn (2011), Marcela Lagarde y de los Rios (2015), Silvia Federici (2017), Patricia Hill Collins (2017) e bell hooks (2019), entre outras, para discutir e resistir a condição histórica opressiva das mulheres, em relação a classe social, gênero, raça, divisão sexual do trabalho e empoderamento social. A metodologia utilizada é de cunho biográfico e os procedimentos se compõem de entrevistas narrativas. As mulheres colaboradoras com este estudo contribuíram para a criação de espaços institucionalizados de ativismo, como o Conselho Municipal da Mulher, Grupo Autônomo de Mulheres Pelotas - GAMP, União Brasileira de Mulheres – UBM e também contribuíram abrindo espaços de discussões feministas nos sindicatos e partidos políticos. Nesse aspecto, elas compõem alguns dos grupos de ações sociais coletivas com caráter sócio-político e cultural para realizar ações concretas de enfrentamento. Na análise deste estudo destacaram-se as categorias interseccionalidade, divisão sexual do trabalho, empoderamento social, violência doméstica e ativismo feminista. Como resultados, ressaltamos a importância das epistemologias feministas descoloniais para aprender e conhecer a história das mulheres que colaboraram na construção do movimento feminista em prol dos direitos das mulheres. E, ainda para visibilizar outras práticas feministas, aonde as mulheres latino-americanas aparecem como protagonistas. Também destacamos o empoderamento social das colaboradoras da pesquisa, pois são mulheres que se relacionam cotidianamente com as desigualdades sociais, trabalham, dialogam com outras mulheres em situação de vulnerabilidade, e possuem consciência crítica baseada na atuação nos movimentos sociais para uma educação transformadora.