Embora as escolas brasileiras sejam palco de diversas modalidades de violências, o que se define como “episódios de violência extrema” são os acontecimentos que se caracterizam como um ataque à comunidade escolar e possuem uma conotação de massacre. Nesse sentido, considera-se que o Brasil teve, ao menos, 25 episódios entre 2001 e 2023, dos quais mais de 60% ocorrem entre 2022 e 2023, o que tem demandado um esforço para compreender as raízes dos fenômenos e do aumento vertiginoso nos últimos dois anos. Assim, é justamente nessa linha que a pesquisa se insere: o que explica os episódios de violência extrema na escola? Embora haja diferentes maneiras de abordar o tema, o objetivo da pesquisa é compreender a relação dos “episódios de violência extrema nas escolas” com o avanço da extrema direita no Brasil. A perspectiva teórica adotada na leitura dos fenômenos insere-se na tradição eliasiana, caracterizada por uma abordagem multidimensional que valoriza tanto os aspectos estruturais, como a agência. Portanto, a proposta é partir do micro ao macro, no intuito de dialogar com outras pesquisas que tendem a diminuir a dimensão da ação individual nos processos sociais. Para tanto, a pesquisa tem-se utilizado de dados de documentos midiáticos, policiais e jurídicos, indagando: quem é o autor? Como ele realizou o ato? Qual era o alvo? Qual foi o desfecho? Os resultados preliminares indicam que vários dos acontecimentos denotam uma relação com o avanço da extrema direita, principalmente no que se refere ao apelo à violência na resolução de conflitos e a reverência à líderes políticos extremistas. Por outro lado, também tem identificado, nos estudos os quais a pesquisa dialoga, que parte dos casos que são considerados como “ataques de violência extrema” não indicam relação com este fenômeno político, e portanto, carecem de uma análise mais atenta à agência.