Este trabalho tem dois pontos de partida comuns e que convergem para seu entendimento. O primeiro deles é considerar os aspectos basilares do Manifesto das Humanidades Digitais relacionados à solidariedade, ao acesso aberto e livre, aos aspectos colaborativos e à transdisciplinaridade que a priori devem guiar práticas de Humanidades Digitais. O segundo é a identificação da emergência de pesquisas que envolvem grande volume de dados, ferramentas digitais, infraestruturas e algoritmos, considerando nesse escopo dimensões ligadas à literacia de dados, autoridades epistêmicas e às responsabilidades distribuídas enquanto aspectos fundamentais a serem percebidos e problematizados quando buscamos pensar em Humanidades Digitais no contexto Sul Global/Epistêmico. Estes dois pontos convergem no que consideramos ser uma dimensão de estudo ético da Humanidades Digitais ao qual lançamos luz neste trabalho. Através de uma revisão bibliográfica e de um exercício reflexivo sobre algumas iniciativas ligadas a laboratórios de Humanidades Digitais brasileiros, pretende-se mapear por meio de uma perspectiva descritivo-analítica os pontos nevrálgicos, ou seja, de importância, no tocante às responsabilidades de vários atores para o enfrentamento de assimetrias que recaem sobre o desenvolvimento de competências em dados no contexto Sul Global, destacando o papel das autoridades epistêmicas na construção de ambientes que possibilitem aos pesquisadores maior conscientização e condições de possibilidades de realização de boas práticas com relação aos dados de pesquisa que perpassam todo as etapas da pesquisa científica.