Ensinar conceitos como classificação biológica, evolução e morfologia ainda é um dos principais desafios do ensino de Biologia. Muitos estudantes apresentam dificuldades nesses temas porque, como destacam Furtado, Faria e Marques (2013), a abordagem tradicional prioriza a memorização em detrimento da construção ativa do conhecimento. Essa dificuldade se torna ainda mais evidente em conteúdos abstratos, como ancestralidade comum e relações evolutivas. No caso da entomologia, o problema é ampliado pela rejeição que os insetos frequentemente despertam. Machado, Lopes e Medeiros (2018) ressaltam que a repulsa a esses organismos em ambientes escolares está geralmente associada à falta de familiaridade, o que compromete o engajamento dos estudantes. Diante desse cenário, é fundamental buscar estratégias inovadoras que tornem a aprendizagem mais acessível e significativa. Uma alternativa é a utilização da cladística como recurso pedagógico. Wiley e Lieberman (2011) definem a sistemática filogenética como o estudo das relações evolutivas entre organismos, representadas em cladogramas. Contudo, esses diagramas podem parecer complexos inicialmente, devido ao uso de termos técnicos como sinapomorfias e linhagens divergentes. Para superar esse obstáculo, metodologias ativas e abordagens interativas surgem como estratégias promissoras. Morán (2015) destaca que jogos, simulações e elementos da cultura pop contribuem para motivar os estudantes e favorecer a retenção de conteúdo. Nesse sentido, o uso da franquia Pokémon apresenta-se como uma proposta criativa. Reis, Nascimento e Almeida (2022) afirmam que personagens familiares, como os Pokémons, estabelecem pontes entre o cotidiano dos alunos e os conceitos científicos. A escolha pelos Pokémons do tipo inseto é particularmente relevante, já que suas características morfológicas são inspiradas em insetos reais, permitindo analogias diretas entre o universo fictício e o conhecimento biológico. Essa proposta encontra respaldo na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel (2003), a qual ressalta que, quando os alunos se envolvem emocionalmente com o conteúdo, a aprendizagem se torna mais efetiva. O projeto contempla comparações morfológicas entre insetos reais e Pokémons, a construção de cladogramas simplificados e o uso de cartas educativas, modelos tridimensionais e oficinas práticas. Como destacam Nascimento e Justi (2011), atividades investigativas desse tipo estimulam a análise crítica e a argumentação científica, indo além da simples memorização. A justificativa para essa abordagem está no fato de que o ensino de entomologia e evolução, muitas vezes, é ministrado de forma excessivamente teórica e descontextualizada, o que gera desinteresse e resistência por parte dos alunos (Moura et al., 2014). Ao utilizar Pokémons do tipo inseto, como Butterfree, inspirado em borboletas, ou Beedrill, que remete a vespas, é possível criar pontos de ancoragem para o novo conhecimento. Além disso, materiais criativos, como cartas e modelos em crochê, transformam conceitos abstratos em objetos tangíveis, contemplando diferentes estilos de aprendizagem. O resultado esperado é uma sala de aula em que os estudantes assumam papel ativo na construção do conhecimento, enquanto os professores encontram ferramentas para tornar seus conteúdos mais atrativos e significativos. Dessa forma, a ciência deixa de ser vista como um conjunto de verdades prontas e passa a ser compreendida como uma experiência coletiva de descoberta